Administração Pública é para nós, Administradores – Adm. Carlos William Ragone Jabour

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A situação decadente, do ponto de vista moral, ético e administrativo, em que se encontra a administração pública em todas as esferas de poder no Brasil, retrata a ausência de regulamentação de um novo profissional absolutamente necessário no mercado de trabalho: o administrador público.

O administrador público é capaz de inserir na gestão pública o que falta a quase todos os gestores atuais: visão sistêmica e interdisciplinar.

Não me refiro aos que ocupam cargos eletivos. Estes são resultado da vontade popular e é democraticamente legítimo. Mas, aproveitando, deveriam ter um mínimo de capacidade para exercer funções tão importantes, ou seja, requisitos mínimos para elegibilidade.

Refiro-me, isto sim, aos cargos administrativos que conferem ao administrador a melhor percepção e conhecimento de como exercê-los.

Exemplos interessantes do ponto de vista negativo são o do Ministério dos Esportes quando ocupados por Zico e Pelé (uma tragédia) e a inócua gestão do Ministro da Cultura Gilberto Gil, apenas um bom artista. Além disso, temos péssimos exemplos, com exceções, de médicos que ocupam ministérios e secretarias de saúde. Ora, não foram treinados para gestão de recursos públicos, execução financeira e gestão de pessoal. São especialistas no tema em si, o que não é suficiente.

Por outro lado, por exemplo, o especialista em planejamento, ex-governador de São Paulo e atual Senador da República José Serra, teve uma exitosa passagem pelo Ministério da Saúde do governo FHC, sem ser médico. Aliás, foi na reforma administrativa proposta neste governo que se destacaram profissionais com conhecimento em administração pública.

Cabe a regulamentação de algumas atividades no setor público que só poderiam ser exercidas por administradores, graduados ou pós-graduados em administração pública. Não podemos dividir o processo seletivo com as demais graduações no mesmo nível de disputa.

Porém, a despeito do que falamos, quando se abre um concurso para cargos administrativos em qualquer instância da administração pública, raramente é exigida a formação em Administração. Normalmente abre-se para qualquer formação superior.

Temos que cobrar dos órgãos representativos, principalmente os Conselhos Regionais e Federal de Administração, que se movimentem de forma a estimular nossos legisladores no sentido de colocar a profissão nesse novo patamar de inclusão profissional. Isso incentivaria os alunos a seguirem essa carreira tão importante que carrega consigo a chancela importante de “servidor público”.

Quem sabe, com isso, a gestão dos recursos públicos seria mais eficiente e com resultados mais favoráveis a quem detém esse direito de receber os benefícios, neste caso, o cidadão.

* Carlos William Ragone Jabour é graduado em Administração pela UFJF, pós-graduado em Administração Pública pela Faculdade Machado Sobrinho (Juiz de Fora – MG) e mestrando em Administração pela Faculdade Novos Horizontes (Belo Horizonte – MG).  Foi Subsecretário de Dinâmica Administrativa na Prefeitura de Juiz de Fora e é professor de diversas disciplinas na FACSUM/FJF em Juiz de Fora.