Gestão pública é para gestor? – Adm. André Luis Rabelo Cardoso

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Elisa Santana, mulher de família humilde e lutadora, apesar do imenso esforço do pai para formá-la, ela não conseguiu concluir o curso de magistério em razão da necessidade de cuidar dos filhos e da família. Com seus 50 anos de idade, dos quais 25 deles dedicou-se a família, Elisa, após interessar-se pelos assuntos do bairro onde morava e começar a participar das reuniões da associação, foi eleita presidente da associação. Tendo sua liderança reconhecida pelos seus vizinhos e familiares.

Na última eleição, o candidato a prefeito que Elisa apoiou logrou-se vencedor, oferecendo a ela o cargo de secretária de Serviço Social. Passando ela a liderar uma equipe de mais de 200 pessoas e recursos orçamentários na ordem de 10 milhões, tendo como missão reverter um dos piores casos de exclusão social do país. A pergunta que não sai da cabeça é: Qual o desempenho esperado por essa equipe? Haverá dedicação máxima e aproveitamento do rendimento desses colaboradores? Enfim, haverá eficiência e eficácia desses recursos?

Não trata-se de julgar o esforço de Elisa na busca do melhor para si e para a Instituição onde ela foi alocada, nem de duvidar da capacidade profissional dela. Trata-se de um principio mais profundo e arraigado, que vale para quase todas as profissões, mas ainda carece de conscientização no caso do profissional de Administração.

É simples: quando tenho uma doença, não perco tempo, vou logo a um consultório médico. De igual modo ocorre quando quero construir uma casa, não procuro um pedagogo, procuro um arquiteto ou um engenheiro. Sempre buscando conhecer se são competentes o bastante para solucionar meu problema. No caso do Gestor público, qualquer um pode ser chefe.

Nessa lógica meio paradoxal, fica meio incompreensivo o fato de que um Estado, do tamanho do Estado Brasileiro, que consome quase 40% do PIB e possuindo onipresença na vida econômica e social de toda nação, insiste em gerir sua máquina por acordos políticos.

Ora, esta permanente ação governamental, pela sua própria dimensão a que chegou, acaba tendo uma incidência direta e não negligenciável, na capacidade produtiva do país e, por conseguinte, no bem estar de sua população. Visto que, um Estado que consome até 40% de sua produção, sendo ele ineficiente, acaba por tornar ineficiente toda a economia de seu país.

Dessa forma, torna-se imperativo ao Governo gerir a máquina do Estado e administrar o uso dos recursos disponíveis por pessoal qualificado. É o mínimo que se pode esperar.

Em outras palavras: já deu a hora de mudar esse paradigma anacrônico que, ainda, domina o serviço público Brasileiro: de prebendas, burocratismo, politicagens desmedidas, estabilidade no serviço a uma grande quantidade de vagabundo ineficientes e proteção da ociosidade de certos cargos. Está na hora de o serviço público ser gerido por gestores. Com todos os deveres e responsabilidades que lhe são pertinentes. Só assim poderemos esperar um país melhor e que consiga garantir satisfação aos seus cidadãos.

* Mestre em Gestão Pública pela UnB- Diretor de Administração do Instituto Federal do Norte de Minas- campus Januária.